quarta-feira, dezembro 28, 2005

Mistério adensa-se

Com o passar destes últimos dias do ano 2005 o mistério adensa-se, como será o passar de mais um ano? Como será 2006, melhor ou pior? Ou na mesma, como a lesma… A perguntas mais frequentes entre jovens será que vou ficar diferente? Entre pessimistas “irei eu sobreviver?” Entre desempregados “terei emprego?” Entre crentes, “que me dará o Senhor este ano?” No fundo, todos tentam imaginar como será o Futuro ano 2006, qual será a catástrofe maior, se haverá mais dinheiro, que morrerá de importante, e mais importante ainda, será que somos campeões mundiais!? Já se sabe, ^”guarde uma passa para a taça!” “Passa” de quê? O mistério adensa-se…Ou então não, porque não poderá ser este ano parecido ao anterior? Outro mistério, como será a passagem em si? Já que o país tem tanto dinheiro, e todos OS REVEILLONS possíveis encontram-se esgotados, as passagens de ano devem ser as melhores de sempre, deve ser para equilibrar com o péssimo que ouve por estes lados no já velhinho ano 2005.
Como será? Como será?
O mistério prevalece…Só para o ano, por esta altura se saberá. Mas já bem mais próximo, saberemos da passagem, e essa, já agora, pode ser boa.
E já agora, FELIZ 2006*

segunda-feira, dezembro 19, 2005

O poeta e o anjo, Mário Eloy

Antes de mais nada...Volto a falar no tempo, Tempo que agora vou ter finalmente pa escrever por aqui uns "posts" seguidos, porque finalmente estou de férias e acho que vou ter tempo para escrever mais do que o normal, o que a mim me alegra muito.
Mas memos de férias é complicado...Mas menos.
Por hoje deixo aqui um quadro do Mário Eloy para aperciarem, quadro este que eu vi ao vivo!! O que foi uma situação quase excitante, foi simplesmente lindo. Nesse dia vi também o unico quadro de Santa-Rita, endim um serie de persiosidades que estão expostas no museu do Chiado, lindo, aconcelho vivamente a verem essa exposição.


quarta-feira, dezembro 07, 2005

Teardrop

"Teardrop"
.
[Liz Fraser]
.
Love, love is a verb
Love is a doing word
Fearless on my breath
Gentle impulsion
Shakes me makes me lighter
Fearless on my breath
.
Teardrop on the fire
Fearless on my breath
.
Nine night of matter
Black flowers blossom
Fearless on my breath
Black flowers blossom
Fearless on my breath
.
Teardrop on the fire
Fearless on my breath
.
Water is my eye
Most faithful mirror
Fearless on my breath
Teardrop on the fire of a confession
Fearless on my breath
Most faithful mirror
Fearless on my breath
.
Teardrop on the fire
Fearless on my breath
.
Stumbling a little
Stumbling a little
.
Massive Attack
.
.
Simplesmente adoro esta musica.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

In memoriam...

Navio Naufragado
.
Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.
.

É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.
.

Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.
.

E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.
.
.
Sophia de Mello Breyner Andresen
.
Rest in peace JP.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Fingido ou subtil?

Almada Negreiros, Maternidade, 1935

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernado Pessoa




Portanto, vira o disco e toca o mesmo, pois é caro amigo, fingido ou subtil?
Pessoa dizia que o poeta é fingidor, mas seria mesmo? Como podes tu descrever algo que não conheces? E será que quando mentimos, fingimos a verdade?
Vou pôr a questão ao geral das Artes. Esta é uma questão deveras difícil de explicar, mas vamos lá ver se eu me faço entender. Escrevemos algo, estamos a fingir, ou estaremos a fingir que fingimos para nos protegermos? Como podiam ser os poemas, poemas cheios de sentimentos, puras mentiras?
Mas eu só estou a levantar questões, sem tirar alguma conclusão.
Mesmo que o autor finja o fingimento, ou que simplesmente finja, há algo dele que passa para a obra, um sentimento escondido, desconhecido, esquecido, apagado, uma memória…Agora até que ponto conseguimos nós chegar a essa subtileza do autor, bom isso já é outra história, é complicado.
Mentira, verdade, mentira sobre a verdade ou verdade sobre a mentira, farsa ou cinismo, ingenuidade ou fraqueza, não lhe podes perguntar, e mesmo que pudesses, até que ponto iria o autor admitir a verdade? Eu cá acho, que não finge, esconde-se. Mentir, fingir, não é possível quando criamos, pois é algo que sai de nós, logo lá há de estar sempre a nossa eterna presença de produtores de algo. È o mesmo que os pais têm para os filhos, o seu sangue está sempre presente, mesmo que se tentem negar mutuamente. Diria até mais, quando produzimos fazemos verdadeiro papel de Deuses, afinal não é esse o maior poder Deles?Criar...Criamos mundos nossos, que saiem de nós, pode nem existir, mas somos nós pais e mães das nossas produções, que estamos lá, superados, mas estamos, sem mentiras ou fingimentos.

terça-feira, novembro 29, 2005

Dia Não, discurso do péssimismo ou da caveira ou do negro ou do...

Salvador Dalí

Odeio dias destes e não devo ser unica com certeza... Tenho que estudar, não me apetece, não tou com paciência para nada, tenho dores, de cabeça e não só, tenho a tarde livre para me preparar para o teste de amanhã, que não me irá de todo correr bem. Tenho de sair de casa mas não me apetece. Não dá nada de especial na tv, não posso ler os livros de que gosto porque tenho de ler aqueles para a escola. Estou farta de escola, e ainda falta quase um mês para acabar! Continuo com dores, e por mais que me tente distraír por aqui, continuo a sentir me mal, devia estar a estudar. O dia está estranho, digo, o clima. Nem sei o que me apetece fazer, era bom simplesmente cair na cama e esquecer...
Estou a olhar para o ecran e até o que estou a escrever me está a meter raiva. Estou irritada, stressada, mal disposta, implcante...E por mais que me tente distrair não passa. Amanhã o dia vai ser melhor...Ou então não. Apetece-me bater em alguém. Continuo a escrever, na esperança que passa. Mas está tudo na mesma.
Sentada estou mal. Deitada também. Em pé não aguento.
Não tenho cabeça para ler. E como verificam, nem para escrever a coisa me corre bem. Desisto.
Será que me apetece sair?
A musica está deprimente, mas as alegres não me soam bem.
Continua na mesma.
Não me apetece sair, nem sei se consigo, o que é incrivél, já que eu nunca estou em casa.
Não me apetece nem pensar, mas tal é impossivél.
Ai....
O que faço? Fico por aqui...a pensar...
Fiz uma pausa, fiquei a olhar para belos quadros surrealistas, não melhorou o meu astral.
É melhor calar-me, e para de dizer disparates por aqui..

terça-feira, novembro 22, 2005

Chuva!


Epah! Já ando possessa com a porcaria da chuva!! Eu sei que é necessária e tal, e por causa da seca e mais não sei o quê…mas quer dizer, eu mal consigo ver, aqui, uma arvore que tenha mais de duas folhas, se ainda fosse janelas…agora folhas é difícil. Então expliquem porquê tanta chuva pra estes lados? Mandem na toda para o Alentejo pah! Ou Algarve…Sinceramente.
Acham normal, eu, uma estudante três appliquè, ficar mais de 10 minutos, em baixo de uma varanda, numa cena a lembrar um filme de terror, á espera que o dilúvio passasse para poder deslocar me até á escola sem me molhar tanto, e atenção – sem me molhar tanto – porquê mesmo assim quando cheguei á escola parecia que tinha acabado de fazer uma regata em pleno dia de tempestade. Ora isto é no mínimo aborrecido. E além disso quando cheguei á escola havia um verdadeiro rio a descer o átrio da escola, que para não variar, tem tudo entupido, portanto a água escorre toda pela portão de entrada. Lindo!
Eu até gosto do Inverno, do frio, do nevoeiro, daqueles dias cheios de sol mas frios como tudo, agora chuva?! Chuva?! Acordo de manhã, olho pela janela e o que eu vejo? Um verdadeiro locus horrendus! Tudo negro, o céu negro, nem parece a noite como toda gente tem a mania de dizer, é muito mais sombrio, muito mais monstruoso, muito mais medonho, muito mais deprimente, os céus a chorarem alguma desgraça…Aquele cinzento espalhado por todo o lado, com os montes de betão a ajudar, toda as pessoas com cara de zombies, os carros a apitarem, tudo freneticamente deprimente, frio e molhado. Ora com esta vista logo de manhã querem que uma pessoa ande bem disposta? Molhada, despenteada, chateada, deprimida, agora bem disposta? Não pode.
Eu apelo ao São Pedro, ou outro qualquer que controle a máquina do tempo, parem com chuva s.f.f. Se parecem com os dilúvios já não era mau…

sábado, novembro 19, 2005

Improvisos...

Caros e benevolos leitores, apercio a vossa paciência em esperarem pelo meu regresso aos posts, sim!estou armada em Almeida Garrett, com direito a tom coloquial e tudo, só não têm direito á intelegencia eximia desse grande e excentrico homem....Como já devem ter repardo não posto nada á seculos, eu explico-me então:
Já tentei escrever uma carta ao Pres. da Républica, ao Bush, ao Papa, ao Dalai Lama e até ao Harry Potter! Mas ia ser em vão, porque nem com magia se podia aceder ao meu pedido, eu queria que os dias tivessem 48 horas! Para ter tempo para tudo...Mas, 24 horas os dias têem, e no final do dia só quero é dormir de tão cansada que estou, por isso desleixo-me aqui com o meu blog e com os meus paciêntes leitores.
Continuando no mesmo tema, a rapidez com os dias passam, e concequentemente, as semanas, os meses, os anos....Não há tempo para nada, uma pessoa na flor da juventude, começa desde cedo numa ansia de viver e esticar dias para poder fazer tudo. E mesmo assim, não se faz nada! è realmente frustante. A vida é realmente efemera.
Soluções? Estiquem os dias!? Era bom era...Mas não é. Tentemos outra solução então, a divisa "carpe diem", viver cada dia como se fosse o ultimo. Resulta? Talvez, mesmo assim, continuo com a sensação que me falta muito que fazer...A ansia de viver frenética e stressante ,apodera se de nós e acabamos na mesma, há tanta coisa que quero fazer...Mete medo, especialmente quando nos acontecem coisas a vida que nos fazem repensar nas prioridades. E se acabasse amanhã? Como era?! Medonho...Quero tanto aprender, viver...E quem não pode?
Uma vez vi um filme, a propósito da efemeridade dos dias e da vida em geral, o Troia, em que a personagem principal é um smi-Deus, o mitico e lendário Aquiles, neste filme, interpretado por Brad Pitt. Nesse filme, Aquiles diz algo, que me deixou horas a pensar, até me fez sonhar com isso! Ele diz, que os Deuses nos invejam. Porquê? Exactamente por aquilo de que tanto eu reclamo, eu e toda a gente. A efemeridade da vida, o facto de sabermos que amanhã tudo pode acabar, no fundo o facto de sermos mortais. Esse facto que nos faz chorar, essa condição de Mortalidade, que nos faz viver "carpe diem", digo, cada dia como se fosse o ultimo, que por sua vez, nos faz capazes de sentirmos algo, que segundo Aquiles os Deuses não sentem, a felicidade. Esta simples e (in)feliz condição de mortalidade, faz viver cada dia de uma vez, como se fosse o ultimo, cada dia como se fosse unico, e são mesmo! Essa condição de mortalidade, que nos faz querer viver todos dias melhor e cada vez melhor, que nos dá objectivo...e no fundo, como haveria vida sem morte? Ou que sentido teria a vida sem a morte? O mal sem o bem..Voltamos ao mesmo no fundo, o sentido da vida, o equilibrio entre o Claro e Escuro, que estabelece sentido nas nossas vidas...
A dificuldade está em sabermos viver, no "carpe diem" por tantos aclamado mas por tão poucos vivido. Como se perde tempo em coisas que não valem a pena, e quão cegos somos de por vezes não mudarmos, quão triste é choramos uma vida perdida, quão triste é termos de chorar a efemeridade da vida, quando la supostamente é uma benção da Natureza. Quão unicos somos, quão unica é a vida, os dias, as horas, os momentos de felecidade, quão estupidos somos...
Que esses que nos invejam, nos dêem forças para sermos melhores, para termos força. Canalizemos então as nossas energias na busca de uma vida completa cheia de coisas boas e más, cheia, no fundo de felicidade.
Canalizemos também neste momento as nossas energias positivas para aqueles que mais precisam delas, para os nossos amigos que precisam do nosso apoio, para aqueles que lutam pela vida, não cruzemos braços e lutemos por nós e por os outros que também merecem viver.
Good luck, we won't lose our hope, for you, and for the
rest.
Não podemos ficar indiferentes á Vida.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Manifesto anti-Dantas versus discurso polico actual

por José de Almada-Negreiros
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO

"BASTA PUM BASTA!
UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!
ABAIXO A GERAÇÃO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!
UMA GERAÇÃO COM UM DANTAS À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!
O DANTAS É UM CIGANO!
O DANTAS É MEIO CIGANO!
O DANTAS SABERÁ GRAMMÁTICA, SABERÁ SYNTAXE, SABERÁ MEDICINA, SABERÁ FAZER CEIAS P'RA CARDEAIS SABERÁ TUDO MENOS ESCREVER QUE É A ÚNICA COISA QUE ELLLE FAZ!
O DANTAS PESCA TANTO DE POESIA QUE ATÉ FAZ SONETOS COM LIGAS DE DUQUEZAS!
O DANTAS É UM HABILIDOSO!
O DANTAS VESTE-SE MAL!
O DANTAS USA CEROULAS DE MALHA!
O DANTAS ESPECÚLA E INÓCULA OS CONCUBINOS!
O DANTAS É DANTAS!
O DANTAS É JÚLIO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
(...)
O DANTAS É UM CIGANÃO!
NÃO É PRECISO IR P'RÓ ROCIO P'RA SE SER UM PANTOMINEIRO, BASTA SER-SE PANTOMINEIRO!
NÃO É PRECISO DISFARÇAR-SE P'RA SE SER SALTEADOR, BASTA ESCREVER COMO DANTAS! BASTA NÃO TER ESCRÚPULOS NEM MORAES, NEM ARTÍSTICOS, NEM HUMANOS! BASTA ANDAR CO'AS MODAS, CO'AS POLÍTICAS E CO'AS OPINIÕES! BASTA USAR O TAL SORRISINHO, BASTA SER MUITO DELICADO E USAR CÔCO E OLHOS MEIGOS! BASTA SER JUDAS! BASTA SER DANTAS!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
O DANTAS NASCEU PARA PROVAR QUE, NEM TODOS OS QUE ESCREVEM SABEM ESCREVER!
O DANTAS É UM AUTOMATO QUE DEITA PR'A FÓRA O QUE A GENTE JÁ SABE QUE VAE SAHIR... MAS É PRECISO DEITAR DINHEIRO!
O DANTAS É UM SONETO D'ELLE-PRÓPRIO!
O DANTAS EM GÉNIO NUNCA CHEGA A PÓLVORA SECCA E EM TALENTO É PIM-PAM-PUM!
O DANTAS NÚ É HORROROSO!
O DANTAS CHEIRA MAL DA BOCA!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
(...)
O DANTAS É A VERGONHA DA INTELLECTUALIDADE PORTUGUEZA! O DANTAS É A META DA DECADÊNCIA MENTAL!
(...)
DANTAS E DANTAS, DANTAS, DANTAS, DANTAS... E LIMONADAS DANTAS - MAGNESIA.
E FIQUE SABENDO O DANTAS QUE SE UM DIA HOUVER JUSTIÇA EM PORTUGAL TODO O MUNDO SABERÁ QUE O AUTOR DOS LUZÍADAS É O DANTAS QUE N'UM RASGO MEMORÁVEL DE MODÉSTIA SÓ CONSENTIU A GLÓRIA DO SEU PSEUDÓNIMO CAMÕES.
(...)
E AS PINOQUICES DE VASCO MENDONÇA ALVES PASSADAS NO TEMPO DA AVÔSINHA! E AS INFELICIDADES DE RAMADA CURTO! E O TALENTO INSÓLITO DE URBANO RODRIGUES! E AS GAITADAS DO BRUN! E AS TRADUCÇÕES SÓ P'RA HOMEM (D) O ILLUSTRÍSSIMO EXCELENTÍSSIMO SENHOR MELLO BARRETO! E O FREI MATTA NUNES MÔXO! E A IGNEZ SYPHILITICA DO FAUSTINO! E AS IMBECILIDADES DO SOUSA COSTA! E MAIS PEDANTICES DO DANTAS! E ALBERTO SOUSA, O DANTAS DO DESENHO! E OS JORNALISTAS DO SECULO E DA CAPITAL E DO NOTICIAS E DO PAIZ E DO DIA E DA NAÇÃO E DA REPUBUCA E DA LUCTA E DE TODOS, TODOS OS JORNAES! E OS ACTORES DE TODOS OS THEATROS! E TODOS OS PINTORES DAS BELLAS ARTES E TODOS OS ARTISTAS DE PORTUGAL QUE EU NÃO GOSTO. E OS DA AGUIA DO PORTO E OS PALERMAS DE COIMBRA! (...) E TODOS OS QUE SÃO POLITICOS E ARTISTAS! E AS EXPOSIÇÕES ANNUAES DAS BELLAS ARTE(S)! E TODAS AS MAQUETAS DO MARQUEZ DE POMBAL! E AS DE CAMÕES EM PARIS! E OS VAZ, OS ESTRELLA, OS LACERDA, OS LUCENA, OS ROSA, OS COSTA, OS ALMEIDA, OS CAMACHO, OS CUNHA, OS CARNEIRO, OS BARROS, OS SILVA, OS GOMES, OS VELHOS, OS IDIOTAS, OS ARRANJISTAS, OS IMPOTENTES, OS SCELERADOS, OS VENDIDOS, OS IMBECIS, OS PÁRIAS, OS ASCETAS, OS LOPES, OS PEIXOTOS, OS MOTTA, OS GODINHO, OS TEIXEIRA, OS DIABO QUE OS LEVE, OS CONSTANTINO, OS GRAVE, OS MANTUA, OS BAHIA, OS MENDONÇA, OS BRAZÃO, OS MATTOS, OS ALVES, OS ALBUQUERQUE, OS SOUSAS E TODOS OS DANTAS QUE HOUVER POR AHI!!!!!!
E AS CONVICÇÕES URGENTES DO HOMEM CHRISTO PAE E AS CONVICÇÕES CATITAS DO HOMEM CHRISTO FILHO!
E OS CONCERTOS DO BLANCH! E AS ESTATUAS AO LEME, AO EÇA E AO DESPERTAR E A TUDO! E TUDO O QUE SEJA ARTE EM PORTUGAL! E TUDO! TUDO POR CAUSA DO DANTAS!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!
PORTUGAL QUE COM TODOS ESTES SENHORES, CONSEGUIU A CLASSIFICAÇÃO DO PAIZ MAIS ATRAZADO DA EUROPA E DE TODO OMUNDO! O PAIZ MAIS SELVAGEM DE TODAS AS ÁFRICAS! O EXILIO DOS DEGRADADOS E DOS INDIFERENTES! A AFRICA RECLUSA DOS EUROPEUS! O ENTULHO DAS DESVANTAGENS E DOS SOBEJOS! PORTUGAL INTEIRO HA-DE ABRIR OS OLHOS UM DIA - SE É QUE A SUA CEGUEIRA NÃO É INCURÁVEL E ENTÃO GRITARÁ COMMIGO, A MEU LADO, A NECESSIDADE QUE PORTUGAL TEM DE SER QUALQUER COISA DE ASSEIADO!
MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!"

Partindo deste maravilhoso texto, numa linguagem tão, tão...expressiva, nem sei por onde começar.
Bom acho que vou falar primeiro sobre o documento em si, foi escrito por Almada Negreiros e publicado algures em 1916, quando o velho Negreiros ainda era um jovem rebelde, de apenas 23 anitos! Rapidamente, isto surge no conceito Histórico, onde as revoluções artisticas começavam-se a revelar, e neste caso o Modernismo, mais especificamente o Futurismo, que regeitam todos e quaisqueres canônes clássicos, este manifesto na altura foi extremamente polémico, aliás como é facil de imaginar. Texto é o original (pelo que me consta pelo menos) por isso é normal encontrarem palavras escritas incorrectamente, mas na altura era assim que se escreviam.
Li isto algures e achei hilariante, por isso decidi postar.
Mais uma coisa, este tipo de ataque pessoal-- neste caso que eu até acho com razão, já que os velhos do Restelo tentam sempre boicotar as inovações, já faz parte...-- não vos é familiar? Se em vês de "poesia" se lesse "politica"? A mim parece me que muitos se inspiram nisto, inda hoje estive a ver o debate da Assembleia da Républica, sobre o orçamento de Estado para 2006, e foi parecidissimo! Expliquem me...Ah já é tradição! Ok então já percebo, afinal é importante manter a nossa cultura viva, se bem, que se prestarmos atenção, os nossos policos não escrevem nem têem o génio de Almada Negreiros...E o discurso, bom esse, de coerente e artistico não tem nada...PIM!

terça-feira, novembro 08, 2005

É revoltante

Cavaleiro da Morte, Salvador Dalí Então não será humano este cavaleiro?
Recuso-me a entrar em dialecticas face a estes estrondosos acontecimentos, nem vou referi-los, toda a gente já os conhece. São os mesmos hoje de á seculos a atrás!Que querem eles? Que o mundo se vire e lhes faça vénias? Que ninguem se preocupe com mais nada senão com a hipocrisia deste mundo?? Matam-se, esfolam-se, atromentam-se, odeiam-se, atacam-se....recuso-me a viver assim! Que é feito dos belos ideais dos hippis!? Peace and love, já alguém ouviu falar? Por que insistem?! Violência só atrai violencia. Não digo isto somente para os desgraçados que atiram bombas e incendeiam carros, que se matam, digo também para os hipócritas policos, para as falsas inoncentes pessoas deste mundo que, desculpem a expressão, tão se a cagar para os outros! Não vêem que no fim todos vamos para o mesmo lado? Todos acabamos debaixo da terra, mais cedo ou mais tarde, o nosso fim é o mesmo, morrer. Então pergnto-vos irmãos, para quê matarem-se uns aos outros? Realmente é mais fácil odiar do que amar. Mas justifica-se? Ao longo de séculos a luta é sempre a mesma, o final é sempre o mesmo, os erros repetem-se, as pessoas continuam a sofrer. Será que a raça Humana só está feliz quando o outro não está? Será preciso esquecer os outros para ser feliz? Quer dizer...Tenham paciência, não justificação possivel para o mundo estar como está. É revoltante. Mete nojo. Quanto mais fazemos sofrer os outros mais sofremos, mesmo assim, continuam a insistir. Se continuam a existir acabam com o problema de uma vez por todas. Força, matem-se logo de uma vez.
Não é o mundo que está perdido, são as pessoas. A História desde século, á semelhança do anterior e anterior a este estará escrito no negro céu com tinta de sangue. E o pior, para nada.
Péssimista? Talvez. Mas podemos ser optimistas face a este panorama?

domingo, novembro 06, 2005

Unicornio...



Unicornio, animal mitico, cuja sangue tem poderes ocultos e ninguém o concegue caçar, será por isto que nunca vi um?
Unicornio numa linguagem mais vulgar, pode significar, alg que queremos muito e nunca conceguimos apanhar. Todos nós temos uma mandas deles na cabeça... Coisas que queremos muito e apesar de lutarmos, não conseguimos concretiza-las. Corremos atrás delas á procura...e esquece lá isso.
O unicornio do povo ocidental é a paz. Quer dizer, reparem nestes ultimos incendentes? E já agora respondam-me a uma pergunta, houve alguma paz durante estes anos todos? Eu bem a procuro nos meus livros de História, mas acho que essa parte foi apagada...Apesar das sucessivas tentivas, parece impossivel viver mais do que um dia sem ouvir ameaças de disturbios. Será este o maior defeito do ser Humano? A total incapacidade de viver sem conflito mais do que umas escaças horas?

Fungindo ao tema, mas ainda falando de unicornios, o importante na vida, é nunca deizar de perseguir a nossa manada de unicornios, pois eles são dificeis de apanhar, mas quando se apanham grandes coisas podem acontecer. Coisas mágicas...

sexta-feira, novembro 04, 2005

Musica....coisa boa

Kurt Cobain e a sua guitarra, e a sua cara linda, e a sua voz maravilhosa, e as suas musicas lindas....enfim nunca mais acabava, e já agora, aquilo é o tipo de "guitarrada" potente que eu gosto. E ja´que se fala de Kurt Cobain, vai estriar um filme chamado "Last days" baseado na ultima semana de vida deste "deus".


Ah pois. Em nome de quem diz que eu só falo de coisas más (apesar de eu já ter explicado a razão pela a qual o fazia) . Vou falar de musica....essas vibrações que nos mudam o estado de espirito. Mais uma vez consultei o dicionário:
Música, s.f. arte que ensina a tocar ou a cantar; v.t. pôr em musica.
Não é muito esclarecedor não?
Mas eu posso tentar esclarecer. Bom, musica são vibrações sonoras, que batem algures numa coisa do nosso ouvioa que se chama martelo, que por sua vez, por meio dos nervos ou o que é, trasmite ao nosso cerebro algo parecido com "barulhos harmoniosos". Ok, eu tentei.
O importante: não o que é, mas o que faz.
A musica provoca nas pessoas várias reacções. Independentemente dos estilos, da suposta qualidade ou falta dela o que fica são boas vibrações que provocam ou estimulam sentimentos diversos. Tudo isto vibrações. Invrivel. Poderoso...
Vou admitir desde já, que a musica é uma coisa boa. Para quem gosta, sempre boa.
A musica tem tendencia a fazer nos sentir bem ou mal, depende da musica e do que ela nos lembra, mas é mais normal (penso eu, e isto é só a minha opinião, lembrem-se) sermos n´s a procurar a musica conforme o nosso estado de espirito. Acho que se pode dizer que funciona como na escrita, afinal não também ela uma forma de expressar-nos? Aquela "coisa" do locus horrendus e locus amenus.... Quando o sujeito poetico de um poema se sente infeliz, deprimido, angustiado, assim "mal", ele procura ou aparece na poesia num locus horrendus, isto é, num paisagem triste, melancólica, negra, feia, horrenda....Se ele está feliz num locus amenus, ou seja, numa paisagem bonita, harmoniosa, com cores alegres....A estas "paisagens" poderiamos acrescentar a musica.
Pelo menos comigo é assim, conforme o meu estado de espirito, muda a musica que oiço. Por vezes é até uma maneira de descobrir como estamos mesmo, o que esconde o nosso espirito, porque por vezes nem conseguimos ouvior certas musicas, caem logo mal. A musica faz vir ao de cima aquilo que sentimos. Por isso quando estou menos feliz oiço musica tipo locus horrendus, e quando tou feiz oiço musica tipo locus amenus.
Acho que a minha vida sem a musica era mais triste. Não há nada como ouvi-la, não há dia que eu não o faça. Nem passava bem se não o fizesse, é um vicio saudavél (quer dizer não tanto para os meus ouvidos, gosto de ouvi-la bem alto...) .
A musica faz-nos bem, dizem até os populares, quem canta seus males espanta! Por isso vejam, até o mal ela afasta! A musica serve-nos, faz ficar alegres, esquecer problemas temporariamente, divertimo-nos com ela, e até podemos fazer caridade nos concertos! Tem uma serie de utilidades boas, e muito poucas más. Além disso ainda integra nela a poesia, outra coisa maravilhosa.
Enfim, não vivo para a musica, mas não vivo sem ela. Sem duvida uma das melhores invenções do Homem.
E já agora, perfiro musicas com guitarras, gosto dos sons que aquilo emite, acho fascinante.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Equilibrio

MORTE
(diringido-se á VIDA FUTIL)

Tu ainda não reparaste
Que o bom, num perfeito grau,
Sem ter o mau por contraste,
Não seria nem bom nem mau?

O que era a noite sem o dia?
E a luz sem a escuridão?
O contraste é a razão
Porque a gente os avalia.

Tende por esta medida.
Tudo para o mesmo fim.
Até tu, a própria vida,
Não era nada sem mim.

VIDA FUTIL

Assim terias por norma
Desfazer o que eu fizesse...

MORTE

Não, não. Tudo se tranforma.
E nada desaparece!

VIDA FUTIL
(provocadora)

O que dirias, se eu risse
Dessa conversa vazia?...

MORTE

Já esperava essa tolice
Da tua sabedoria.

Olha, ri...mas ri de gosto,
Sem vergonha e sem decoro;
Mas olha que o lado oposto
Da gargalhada é o choro.

Excerto de "Auto da Vida e da Morte", António Aleixo
Ah dá que pensar! Este poeta algarvio tão ironico, tinha umas ideias intelegentes.
Isto para não dizerem que falo só sobre coisas más. Até que porque qual é a piada de criticar coisas boas? E qual é a graça do bom sem o mau para o compararmos? È o equilibrio natural das coisas....preto e branco, bom e mau, felicidade e tristeza, sorrisos e choro...umas sem as outras não fazem sentido. Pode parecer o inferno, mas é assim que tem irremediavelmente de ser. Se se perdem, a vida perde o sentido. E têem que concordar que há "pecados" que valem a pena...

segunda-feira, outubro 31, 2005

Bem aventurados os pacificos!

Para não variar, ia eu a caminhar no regresso a casa, quando me deparo com um cartaz de publicidade que dizia: Bem aventurados os pacificos! Fez-me pensar...
Ah bem aventurados!Como eu gostava que fossemos! Sim considero-me pacifica. Não bem aventurada, pois a moral da peace and love não reina nos nossos dias. Por azar nosso. Mesmo assim sinto que os pacificos, que lutam pela paz, que caminham sem nunca cruzar braços contra o mal, ou melhor para conter o mal, merecem aqui o meu elogio, não por eu me considerar pacifica, mas por achar que merecem, pela constante luta em tornar este vão mundo num mundo mais habitavel, num mundo melhor.
Bem aventurados os pacificos!
Que a sorte vos persiga e vos conceda a vitória!Pela sobrevivencia deste triste mundinho...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Harry Potter também ensina...


Harry Potter!!Estes livros que preenchem o imaginário de tantos, crianças e adultos e até os exigentes adolescentes! Pessoalmente eu adoro esta saga, mas isso sou só eu, que gosto no geral de ler. Mas estes livros infantis/juvenis, apesar de pura fantasia, nota-se a realidade sempre presente. Na minha opinião a habilidade de J.K. Rowling está exactamente aí, na sua capacidade de encaixar a mais pura fantasia na mais real das realidades, e se nos esquecermos , ou melhor abrirmos a mente, podemos aprender e ver várias coisas. Todos os livros nos ensinam algo, quanto mais não seja dão nos exemplos do que não se deve escrever ou ler. Cito agora duas frases de duas personalidades bem conhecidas que nos dizem isso mesmo sobre os livros:

O livro é um mestre que fala mas não responde. Platão

Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas. Mário Quintana

Acredito mesmo, que se eu nunca tivesse lido certos livros, hoje seria outra pessoa, e deduso que seria deveras mais ignorante. Muitas vezes quando leio sublinho os livros, aquelas frases que mais me marcam. Ontem postei algo que falava, no geral, dos podres no mundo. E tal não é o meu espanto, sim porque eu sempre gostei do Harry Potter mas no geral a lição mais importante a tirar daquele livro é que o amor e a bondade são mais fortes que tudo; que o poder da amizade é imenso e que a lealdade e a preseverança são enssencias para uma vida feliz, e estava eu a acabar o ultimo capitulo do Harry Potter e o Principe Misterioso e deparo me com a seguinte frase:

Harry recordou-se (...) de ter conversado pouco depois com Dumbledore sobre o que era travar uma batalha perdida. Era importante luatr, dissera Dumbledore, lutar sempre, nunca desistir de lutar, pois só assim se poderia conter o mal, embora nunca fosse possivel elimina-lo completamente.

Pois é. Para as pessoas que pensam que nem nestes livros se aprende. Afinal nem no Harry Potter o mundo é cor-de-rosa, um conto de fadas...E para completar-te, de facto neste conto de fadas mal contado que é o nosso mundo, aqueles que não são cegos (sim, também me incluiu na facção dos "olhos abertos") ou são infelizes ou deprimidos,isto porque não se pode eliminar o mal, que por pior que seja, dá um certo equilibrio á realidade. A arte está em conte-lo.Ah pois é!
Agora deixo uma pergunta, a mim, e a todos, são felizes, deprimidos ou infelizes?

quinta-feira, outubro 27, 2005

Apetece me gritar!!

Deve ter sido nesta altura que contaram a tal mentira... Quadro de Jacob de Backer

É verdade, apetece me gritar!Porquê? Acho sinceramente que é por não ser muda....e surda....e cega...E uma pergunta que eu me faço sempre e para a qual eu continuo sem saber a resposta. Apetece me gritar porque não sou ignorante e o que se passa á minha volta afectam me...mas os ignorantes também são felizes!? Esses "cegos" que não querem ver, esses "velhos do restelo" que não abrem as suas mentes para algo productivo, que quanto mais não seja pode ser pensar! Já era um bom começo. Uma pesoa nem pode sair á rua sem sei inevitavelmente atropelada por uma barbaridade qualquer! Ora seja ela conduzir, a ser mal-educado (tipicamente português diga se de passagem...), a alcovitar (tipicamente....), ora seja ela com meia duzia de regras estupidas que ninguém sabe para que servem... Depois raclamos do nosso pequenino país, mas estará o mundo melhor? Deve ser defeito genético da raça homo sapiens... Já nem a Natureza se safa, quer onde está a Primavera colorida e florida e as belas folhas de Outono a cairem? Só chuva a molhos e calor infernal! E retomo a minha pergunta, será que aqueles desgraçados que não veêm as desgraças vivem mais felizes? Como seria eu "cega"? Não me considero infeliz....mas este mundinho está longe de ser o Jardim de Éden prometido por um mentiroso qualquer...


domingo, outubro 23, 2005

Bocage




Magro, de olhos azuis, carão moreno

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;


Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;


Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;


Eis Bocage em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.


Bocage

Liberdade, onde estás? Quem te demora

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não Caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?


Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo que desmaia.
Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!


Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.


Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, oh Liberdade!


Bocage

Arreitada donzela em fofo leito

Arreitada donzela em fofo leito
Deixando erguer a virginal camisa,

Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis pachocho estreito.

De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branda crica nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.

A voraz porra, as guelras encrespando,
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrando.

Como é inda boçal, perder os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.

Bocage

Este ano é o ano do bicentenário da morte de Bocage, como tal não podia esquecer de tal poeta que tanto enrriqueceu a nossa cultura.
Nascido em Setubal desde cedo demonstrou uma certa obceção com o paralelismo da vida com a de Camões, dedicando lhe até poemas. Foi um poeta pré-romantico com muitos traços de verdadeiro romantismo. A sua vida cheia irreverência fez com que até fosse preso. Quanto a mim acho que a maneira como ás vezes se dirige ás mulheres nas suas poesias chega a ser hilariantemente desrespeitosa, mas pode ser só impressão minha...má impressão diria...ou não. Acho que ela era daquilo tipo de homens de que as mulheres se devem manter afastadas, mas com isto não deixa de ser um poeta brilhante e ao qual se deve muito respeito.

sexta-feira, outubro 21, 2005

O Nada

De repente, no seguimento de um conversa dita filosofica, começamos a falar do Nada...o nada. O que é o Nada? Existe? Então se existe deixa de ser nada e passa a ser algo?! Eu vim para casa a pensar nisso. Estranho. Se Nada é nada porque razão demos nós nome ao nada? Nada serve para nada por isso nem existe. Nada é nada e nada é Nada. Nada não existes. Ou existe? Presumo que deva existir. Senão como teriamos nós tal palavra? É estúpido. Ora vejamos : "Estás a pensar no quê?, e respondem- Em nada!" . Se estava a pensar como podia pensar em nada? Não se pode pensar em nada, porque se pensarmos em nada não estamos a pensar, nem a dormir! Quanto mais a pensar... Mas neste momento eu estou a pensar no Nada, e estou a pensar, no Nada, ou seja em algo. Como posso eu ter um ideia de nada?Ou ideia de Nada? Talvez o Vazio....O Negro...ou o Branco! Acho que o Nada não está ao alcance da mente Humana. Ou então é simplesmente algo inventado por nós. Fui ver ao dicionário:
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"nada, s.m. ausênsia de quantidade; o que não existe; bagatela; pron. indef. coisa nenhuma" (Dicionários Académicos, Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora.
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Então se não existe como posso pensar nele? Se é coisa nenhuma é nada...Se é nada não é Nada. Se acreeditarmos em Deus(es) podemos deduzir que eles sabem o que raio é o nada. Mas eu também não sei se eles existem. Ou secalhar Nada é simplesmente a designação daquilo que não conhecemos. Ou que no inconsciênte não queremos saber. Pelos menos sei que nada existe como designação. Do quê? Do Nada talvez...
Dá que pensar.

terça-feira, outubro 11, 2005

O que foi...o que passou a ser...O que o tempo muda...

Eu

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Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada...a dolorida...
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Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
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Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
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Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca me encontrou!
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Florbela Espanca, Livro de Mágoas,
1919
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Eu
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Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
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Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim....e não me via!
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Andava a procurar-me -- pobre louca!--
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
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E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esvrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
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Florbela Espanca, Charneca em Flor, 1930 (ano da sua morte)
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Palavras para quê? Apenas realço, do primeiro poema para o segundo, a gradação de sentimentos, estado de espirito...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Antero Quental


Nirvana

Para além do universo luminoso,
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se um vácuo tenebroso.

A onda desse mar tumuluoso
Vem ali expirar, esmeacida...
Numa imobilidade indefinida
Termina ali o ser, inerte, ocioso...

E quando o pensamento, assim absorto,
Emerge a custo desse mundo morto
E torna-se a olhar as coisas naturais,

Á bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.

Antero Quental

Mais um um grande autor português, que teve todo o seu mérito.
E mais uma vez...á procura de algo...

quarta-feira, outubro 05, 2005

Elixir marado

Elixir da eterna juventude

Estou velho!
dói-me o joelho
dói-me parte do antebraço
dói-me a parte interna
de uma perna
e parte amiga
da barriga
que fadiga
o que é que eu faço?
escolho o baço ou o almoço?
vira o osso
dói o pescoço
é do excesso
do ex-sexo
alvoroço
reboliço
perco o viço
já soluço
já sobroço
esmiúço
os meus sintomas
e já agora, do meu médico
os diplomas
esmiúçoa consciência
e já agora,
apresento a penitência

Ah que estou arrependido
de ter feito e de ter tido
ai coração, ora seja
como a que ouvi na igreja

Mea culpa, mea culpa
minha máxima desculpa
é ter vindo p'ro presente
conservado em aguardente

Quero ser p'ra sempre jovem
as minhas células movem
uma campanha eficaz
água benta e água-raz

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p'ra que tudo fique igual
estava marado
falsificado
é desleal!

Vou implorar aos apóstolos
mas é pior, que desgosto-os
com tanto pecado junto
não lhes pega nem o unto

Vou recorrer aos meus santos
esses, ao menos, são tantos
que há-de haver um que me acuda
senão ainda tenho o Buda

Maomé vai à montanha
o papa, ninguém o apanha
na Rússia, o rato rói a rolha
venha o diabo e escolha

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p'ra que tudo fique igual
estava marado
falsificado
é desleal!

Misticismo agora à parte
envelhecer é uma arte
"arte-nova", "arte-final"
numa luta desigual

Só me vou pôr de joelhos
ante o mais velho dos velhos
e perguntar-lhes o segredo
de p'ra ele inda ser cedo

Quando o espelho me mira
já nem o chapéu me tira
deito-lhe a língua de fora
pisco o olho e vou-me embora

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p'ra que tudo fique igual
estava marado
falsificado
é desleal

Letra e musica: Sérgio Godinho

Uma musica cantada por Sérgio Godinho e Clã muito gira!
Esta é a musica que muitos cantam...eu cá ainda canto á junventude mas ela continua comigo, hei de canta la um dia....já que o elixir está mesmo marado!

terça-feira, outubro 04, 2005

Alucinar

O Grito, Munch

Deitar me no escuro a ouvir uma musica bem alto, sentir o coração a bater e pensar no nada, ou na miséria, ou na alegria ou em algo que nem compreendo e estou a tentar compreender...A eterna busca da verdade, por meio da reflexação, a procura da compreenção dos mais profundos mistérios, são momentos que todos atravessam na vida, direi até que a vida é esse percurso mesmo. A procura da verdade...Mas e se não gostarmos da verdade?Será ela pior que a ilusória realidade?E já agora, que verdade? Porque que existimos? Quem nos criou? Alguém nos criou? Somos o que somos ou somos o que nos fizeram? Enfim....Não acabam as perguntas por responder, e por mais que bátamos na cabeça, ás voltas para tentar perceber...não chegamos a nenhuma conclusão definitiva. Muitas vezes nem a nós próprios nos conhecemos. É desesperante. Mas normal...E muitas vezes me perguntei...afinal podemos nós, "pessoas normais", (que eu nem sei se sou) estarmos erradas nas poucas perguntas para as quais já encontramos as respostas, assim sendo, os malucos, doidos, pessoas com supostas patologias mentais estarão certos. Então tudo o que vemos é produto de uma fértil imaginação, as nossas respostas são mentiras, o azul é vermelho, o céu é feito de água, a água de fogo, o sol gira á volta da terra e a terra á volta da lua, a bola é quadrada, os fortes são fracos e os fracos são fortes, o veneno é a cura, os demónios são anjos e os santos são diabólicos, os loucos são intelegentes e as pessoas sãs são doidas....Então, somos nós os alucinados.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Oasis Rural

Van Gogh


Lá ia eu no meu caminho diário e passei por um sitio...Eu chamar lhe ia oasis, se não fosse talvez um exagero -oasis rural. Nesse caminho, passo diáriamente por uma quinta, se é que assim se pode chamar aquela hortazita, e isso faz me lembrar da falta que me faz um pouco de natureza neste suburbio, aliás não só neste como em todos os suburbios. Sendo eu uma pessoa completamente citadina e contaminada pela cidade (que também tem o seu lado bom) é de estranhar esta falta talvez, mas sabe se lá porquê quase que me sinto mal sem o contacto com a natureza, o nosso verdadeiro meio ambiente. Nestas cidades e suburbios contaminados de fumos, betão, maus cheiros, florestas de prédios e montes de natureza morta, muitas das pessoas que são naturais das cidades nem se aprecebem da falta que faz os meios rurais e a sua natureza. Faz me falta ver as estrelas todas á noite, um céu limpo de fumos, um cherinho fresco das plantas, o barulho da água a correr, as verdejantes e grandes árvores, os montes com as suas magestosas e eternas pedras, os animais a espreitarem nos campos, os barulhos da natureza, o vento a soprar sem obsturções, as casinhas pequeninas e modestas....Enfim uma serie de coisas boas que nos lembram de quão pequenos somos e de onde realmente viemos. Como já tinha dito anteriormente a comtemplação da natureza é algo tão...tão...tão...inpirador e com o qual vale mesmo a pena perder tempo. Bom isto tdo para dizer que quando passei naquele oasis rural lembrei me de quanta falta me faz o contacto com a natureza. Os citadinos contaminados que nascem a pensar que as galinhas não têem penas, que o peixe é como o filete -sem espinhas! nem imaginam o que perdem. Confesso que talvez já não fosse capaz de viver num sitio desses, mas pela pequenez das pessoas, porque o ambiente envolvente fascina me! Faz-me falta...Completa a minha existência como animal racional (por vezes irracional), sim, porque nós fazemos parte do mundo e não o contrário. Pergunto me, se estes seres que se dizem racionais compreendem isto, e se compreendem por que razão insistem em destruir o que nos criou, a natureza?!?

Viagens...

"Vou nada mais nada menos que a Santarém; e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica (...)Ora nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso social: espero que o leitor entendesse agora. Tomarei cuidado do lho lembrar de vez em quando, porque receio muito que se esqueça."

Almeida Garrett in Viagens na minha Terra

Ora nosso amigo Almeida Garrett que tantas criticas fez, tão actuais por incrivel que pareça, partilha das mesmas intenções que eu, pena que na altura dele não havia blogs para lhe fazer as delicias da crónica, acho que ele haveria de ter gostado. Não vou fazer uma Viagem na minha Terra, mas sim no NOSSO MUNDO. Sim porque como diz numa musica "o mundo é meu e teu encontremos a solução, luta sempre o destino está nas nossas mãos" e nas nossas mãos vai continuar apesar dessas mãos serem de manteiga. Pois vou então passear neste nosso mundo, e vou falar e criticar tudo o que vir, ouvir, sentir que merece ser tratado. Ou então vou simplesmente honrar as mentes brilhantes deste mundo, que tantas são e tão incomprendidas, pois " o Homem está sempre disposto a negar o que não compreende" uma intelegente frase de um tal de Luigi Pirandello.
Já me estou a alongar, para terminar, hoje deu-se um importante e raro acontecimento: um eclipse solar. Muita gente não viu, nem se lembrou, mas eu realço este facto, isto porque a natureza ainda é das poucas coisas que vale a pena perder tempo a contemplar, é uma bensão da vida....a própria Vida. Agora esperem mais 23 anos pelo próximo.

domingo, outubro 02, 2005

Fumos....

Start

Por entre fumos e chás reflecte sobre o mundo...Um pensativo cigarro , o suave cheiro do insenso, o aroma espalhado por o quarto, o quente chá percorre o corpo, aquece o corpo e as mãos...Prepara a caneta, abre o caderno, começa escrever, descreve o mundo que sentes sinseramente, suavemente e por vezes agressivamente, uma necessidade extrema que atravessa e obriga pessoas assim a fazer crónicas, comentar ou simplesmente descreve o triste e contente mundo em que vivemos. Talvez seja assim o sentimento dos bons autores do mundo, um sentimento que nos dá o poder de deuses quando escrevemos. Estranho. Quase que é tão bom ler quanto escrever. Loucuras...


Sou eu !

Pelos campos em fora. pelos escombros,
Pelos montea que embalam a manhã,
Largo os meus rubros sonhos de pagã,
Enquanto as aves poisam no meus ombros....

Em vão me sepultaram entre escombros
De catedrais de uma escultura vã!
Olha-me o loiro so tonto de assombros
E as nuvens, a chorar, chamam-me irmã!

Ecos longínquos de ondas...de universos...
Ecos de um mundo...de um distante Além,
De onde eu trouxe a magia dos meus versos!

Sou eu! Sou eu! A que as mãos ansiosas
Prendeu da vida, assim como ninguém,
Os maus espinhos sem tocar nas rosas!

Florbela Espanca

Ela que é sem duvida uma das melhores e mais brilhante autoras.