segunda-feira, outubro 31, 2005

Bem aventurados os pacificos!

Para não variar, ia eu a caminhar no regresso a casa, quando me deparo com um cartaz de publicidade que dizia: Bem aventurados os pacificos! Fez-me pensar...
Ah bem aventurados!Como eu gostava que fossemos! Sim considero-me pacifica. Não bem aventurada, pois a moral da peace and love não reina nos nossos dias. Por azar nosso. Mesmo assim sinto que os pacificos, que lutam pela paz, que caminham sem nunca cruzar braços contra o mal, ou melhor para conter o mal, merecem aqui o meu elogio, não por eu me considerar pacifica, mas por achar que merecem, pela constante luta em tornar este vão mundo num mundo mais habitavel, num mundo melhor.
Bem aventurados os pacificos!
Que a sorte vos persiga e vos conceda a vitória!Pela sobrevivencia deste triste mundinho...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Harry Potter também ensina...


Harry Potter!!Estes livros que preenchem o imaginário de tantos, crianças e adultos e até os exigentes adolescentes! Pessoalmente eu adoro esta saga, mas isso sou só eu, que gosto no geral de ler. Mas estes livros infantis/juvenis, apesar de pura fantasia, nota-se a realidade sempre presente. Na minha opinião a habilidade de J.K. Rowling está exactamente aí, na sua capacidade de encaixar a mais pura fantasia na mais real das realidades, e se nos esquecermos , ou melhor abrirmos a mente, podemos aprender e ver várias coisas. Todos os livros nos ensinam algo, quanto mais não seja dão nos exemplos do que não se deve escrever ou ler. Cito agora duas frases de duas personalidades bem conhecidas que nos dizem isso mesmo sobre os livros:

O livro é um mestre que fala mas não responde. Platão

Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas. Mário Quintana

Acredito mesmo, que se eu nunca tivesse lido certos livros, hoje seria outra pessoa, e deduso que seria deveras mais ignorante. Muitas vezes quando leio sublinho os livros, aquelas frases que mais me marcam. Ontem postei algo que falava, no geral, dos podres no mundo. E tal não é o meu espanto, sim porque eu sempre gostei do Harry Potter mas no geral a lição mais importante a tirar daquele livro é que o amor e a bondade são mais fortes que tudo; que o poder da amizade é imenso e que a lealdade e a preseverança são enssencias para uma vida feliz, e estava eu a acabar o ultimo capitulo do Harry Potter e o Principe Misterioso e deparo me com a seguinte frase:

Harry recordou-se (...) de ter conversado pouco depois com Dumbledore sobre o que era travar uma batalha perdida. Era importante luatr, dissera Dumbledore, lutar sempre, nunca desistir de lutar, pois só assim se poderia conter o mal, embora nunca fosse possivel elimina-lo completamente.

Pois é. Para as pessoas que pensam que nem nestes livros se aprende. Afinal nem no Harry Potter o mundo é cor-de-rosa, um conto de fadas...E para completar-te, de facto neste conto de fadas mal contado que é o nosso mundo, aqueles que não são cegos (sim, também me incluiu na facção dos "olhos abertos") ou são infelizes ou deprimidos,isto porque não se pode eliminar o mal, que por pior que seja, dá um certo equilibrio á realidade. A arte está em conte-lo.Ah pois é!
Agora deixo uma pergunta, a mim, e a todos, são felizes, deprimidos ou infelizes?

quinta-feira, outubro 27, 2005

Apetece me gritar!!

Deve ter sido nesta altura que contaram a tal mentira... Quadro de Jacob de Backer

É verdade, apetece me gritar!Porquê? Acho sinceramente que é por não ser muda....e surda....e cega...E uma pergunta que eu me faço sempre e para a qual eu continuo sem saber a resposta. Apetece me gritar porque não sou ignorante e o que se passa á minha volta afectam me...mas os ignorantes também são felizes!? Esses "cegos" que não querem ver, esses "velhos do restelo" que não abrem as suas mentes para algo productivo, que quanto mais não seja pode ser pensar! Já era um bom começo. Uma pesoa nem pode sair á rua sem sei inevitavelmente atropelada por uma barbaridade qualquer! Ora seja ela conduzir, a ser mal-educado (tipicamente português diga se de passagem...), a alcovitar (tipicamente....), ora seja ela com meia duzia de regras estupidas que ninguém sabe para que servem... Depois raclamos do nosso pequenino país, mas estará o mundo melhor? Deve ser defeito genético da raça homo sapiens... Já nem a Natureza se safa, quer onde está a Primavera colorida e florida e as belas folhas de Outono a cairem? Só chuva a molhos e calor infernal! E retomo a minha pergunta, será que aqueles desgraçados que não veêm as desgraças vivem mais felizes? Como seria eu "cega"? Não me considero infeliz....mas este mundinho está longe de ser o Jardim de Éden prometido por um mentiroso qualquer...


domingo, outubro 23, 2005

Bocage




Magro, de olhos azuis, carão moreno

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;


Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;


Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;


Eis Bocage em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.


Bocage

Liberdade, onde estás? Quem te demora

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não Caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?


Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo que desmaia.
Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!


Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo.


Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, oh Liberdade!


Bocage

Arreitada donzela em fofo leito

Arreitada donzela em fofo leito
Deixando erguer a virginal camisa,

Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis pachocho estreito.

De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branda crica nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito.

A voraz porra, as guelras encrespando,
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrando.

Como é inda boçal, perder os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.

Bocage

Este ano é o ano do bicentenário da morte de Bocage, como tal não podia esquecer de tal poeta que tanto enrriqueceu a nossa cultura.
Nascido em Setubal desde cedo demonstrou uma certa obceção com o paralelismo da vida com a de Camões, dedicando lhe até poemas. Foi um poeta pré-romantico com muitos traços de verdadeiro romantismo. A sua vida cheia irreverência fez com que até fosse preso. Quanto a mim acho que a maneira como ás vezes se dirige ás mulheres nas suas poesias chega a ser hilariantemente desrespeitosa, mas pode ser só impressão minha...má impressão diria...ou não. Acho que ela era daquilo tipo de homens de que as mulheres se devem manter afastadas, mas com isto não deixa de ser um poeta brilhante e ao qual se deve muito respeito.

sexta-feira, outubro 21, 2005

O Nada

De repente, no seguimento de um conversa dita filosofica, começamos a falar do Nada...o nada. O que é o Nada? Existe? Então se existe deixa de ser nada e passa a ser algo?! Eu vim para casa a pensar nisso. Estranho. Se Nada é nada porque razão demos nós nome ao nada? Nada serve para nada por isso nem existe. Nada é nada e nada é Nada. Nada não existes. Ou existe? Presumo que deva existir. Senão como teriamos nós tal palavra? É estúpido. Ora vejamos : "Estás a pensar no quê?, e respondem- Em nada!" . Se estava a pensar como podia pensar em nada? Não se pode pensar em nada, porque se pensarmos em nada não estamos a pensar, nem a dormir! Quanto mais a pensar... Mas neste momento eu estou a pensar no Nada, e estou a pensar, no Nada, ou seja em algo. Como posso eu ter um ideia de nada?Ou ideia de Nada? Talvez o Vazio....O Negro...ou o Branco! Acho que o Nada não está ao alcance da mente Humana. Ou então é simplesmente algo inventado por nós. Fui ver ao dicionário:
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"nada, s.m. ausênsia de quantidade; o que não existe; bagatela; pron. indef. coisa nenhuma" (Dicionários Académicos, Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora.
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Então se não existe como posso pensar nele? Se é coisa nenhuma é nada...Se é nada não é Nada. Se acreeditarmos em Deus(es) podemos deduzir que eles sabem o que raio é o nada. Mas eu também não sei se eles existem. Ou secalhar Nada é simplesmente a designação daquilo que não conhecemos. Ou que no inconsciênte não queremos saber. Pelos menos sei que nada existe como designação. Do quê? Do Nada talvez...
Dá que pensar.

terça-feira, outubro 11, 2005

O que foi...o que passou a ser...O que o tempo muda...

Eu

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Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada...a dolorida...
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Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
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Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
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Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca me encontrou!
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Florbela Espanca, Livro de Mágoas,
1919
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Eu
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Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
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Mas que eu não era Eu não o sabia
E, mesmo que soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim....e não me via!
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Andava a procurar-me -- pobre louca!--
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
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E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esvrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
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Florbela Espanca, Charneca em Flor, 1930 (ano da sua morte)
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Palavras para quê? Apenas realço, do primeiro poema para o segundo, a gradação de sentimentos, estado de espirito...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Antero Quental


Nirvana

Para além do universo luminoso,
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se um vácuo tenebroso.

A onda desse mar tumuluoso
Vem ali expirar, esmeacida...
Numa imobilidade indefinida
Termina ali o ser, inerte, ocioso...

E quando o pensamento, assim absorto,
Emerge a custo desse mundo morto
E torna-se a olhar as coisas naturais,

Á bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.

Antero Quental

Mais um um grande autor português, que teve todo o seu mérito.
E mais uma vez...á procura de algo...

quarta-feira, outubro 05, 2005

Elixir marado

Elixir da eterna juventude

Estou velho!
dói-me o joelho
dói-me parte do antebraço
dói-me a parte interna
de uma perna
e parte amiga
da barriga
que fadiga
o que é que eu faço?
escolho o baço ou o almoço?
vira o osso
dói o pescoço
é do excesso
do ex-sexo
alvoroço
reboliço
perco o viço
já soluço
já sobroço
esmiúço
os meus sintomas
e já agora, do meu médico
os diplomas
esmiúçoa consciência
e já agora,
apresento a penitência

Ah que estou arrependido
de ter feito e de ter tido
ai coração, ora seja
como a que ouvi na igreja

Mea culpa, mea culpa
minha máxima desculpa
é ter vindo p'ro presente
conservado em aguardente

Quero ser p'ra sempre jovem
as minhas células movem
uma campanha eficaz
água benta e água-raz

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p'ra que tudo fique igual
estava marado
falsificado
é desleal!

Vou implorar aos apóstolos
mas é pior, que desgosto-os
com tanto pecado junto
não lhes pega nem o unto

Vou recorrer aos meus santos
esses, ao menos, são tantos
que há-de haver um que me acuda
senão ainda tenho o Buda

Maomé vai à montanha
o papa, ninguém o apanha
na Rússia, o rato rói a rolha
venha o diabo e escolha

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p'ra que tudo fique igual
estava marado
falsificado
é desleal!

Misticismo agora à parte
envelhecer é uma arte
"arte-nova", "arte-final"
numa luta desigual

Só me vou pôr de joelhos
ante o mais velho dos velhos
e perguntar-lhes o segredo
de p'ra ele inda ser cedo

Quando o espelho me mira
já nem o chapéu me tira
deito-lhe a língua de fora
pisco o olho e vou-me embora

O elixir da eterna juventude
esse que quer que tudo mude
p'ra que tudo fique igual
estava marado
falsificado
é desleal

Letra e musica: Sérgio Godinho

Uma musica cantada por Sérgio Godinho e Clã muito gira!
Esta é a musica que muitos cantam...eu cá ainda canto á junventude mas ela continua comigo, hei de canta la um dia....já que o elixir está mesmo marado!

terça-feira, outubro 04, 2005

Alucinar

O Grito, Munch

Deitar me no escuro a ouvir uma musica bem alto, sentir o coração a bater e pensar no nada, ou na miséria, ou na alegria ou em algo que nem compreendo e estou a tentar compreender...A eterna busca da verdade, por meio da reflexação, a procura da compreenção dos mais profundos mistérios, são momentos que todos atravessam na vida, direi até que a vida é esse percurso mesmo. A procura da verdade...Mas e se não gostarmos da verdade?Será ela pior que a ilusória realidade?E já agora, que verdade? Porque que existimos? Quem nos criou? Alguém nos criou? Somos o que somos ou somos o que nos fizeram? Enfim....Não acabam as perguntas por responder, e por mais que bátamos na cabeça, ás voltas para tentar perceber...não chegamos a nenhuma conclusão definitiva. Muitas vezes nem a nós próprios nos conhecemos. É desesperante. Mas normal...E muitas vezes me perguntei...afinal podemos nós, "pessoas normais", (que eu nem sei se sou) estarmos erradas nas poucas perguntas para as quais já encontramos as respostas, assim sendo, os malucos, doidos, pessoas com supostas patologias mentais estarão certos. Então tudo o que vemos é produto de uma fértil imaginação, as nossas respostas são mentiras, o azul é vermelho, o céu é feito de água, a água de fogo, o sol gira á volta da terra e a terra á volta da lua, a bola é quadrada, os fortes são fracos e os fracos são fortes, o veneno é a cura, os demónios são anjos e os santos são diabólicos, os loucos são intelegentes e as pessoas sãs são doidas....Então, somos nós os alucinados.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Oasis Rural

Van Gogh


Lá ia eu no meu caminho diário e passei por um sitio...Eu chamar lhe ia oasis, se não fosse talvez um exagero -oasis rural. Nesse caminho, passo diáriamente por uma quinta, se é que assim se pode chamar aquela hortazita, e isso faz me lembrar da falta que me faz um pouco de natureza neste suburbio, aliás não só neste como em todos os suburbios. Sendo eu uma pessoa completamente citadina e contaminada pela cidade (que também tem o seu lado bom) é de estranhar esta falta talvez, mas sabe se lá porquê quase que me sinto mal sem o contacto com a natureza, o nosso verdadeiro meio ambiente. Nestas cidades e suburbios contaminados de fumos, betão, maus cheiros, florestas de prédios e montes de natureza morta, muitas das pessoas que são naturais das cidades nem se aprecebem da falta que faz os meios rurais e a sua natureza. Faz me falta ver as estrelas todas á noite, um céu limpo de fumos, um cherinho fresco das plantas, o barulho da água a correr, as verdejantes e grandes árvores, os montes com as suas magestosas e eternas pedras, os animais a espreitarem nos campos, os barulhos da natureza, o vento a soprar sem obsturções, as casinhas pequeninas e modestas....Enfim uma serie de coisas boas que nos lembram de quão pequenos somos e de onde realmente viemos. Como já tinha dito anteriormente a comtemplação da natureza é algo tão...tão...tão...inpirador e com o qual vale mesmo a pena perder tempo. Bom isto tdo para dizer que quando passei naquele oasis rural lembrei me de quanta falta me faz o contacto com a natureza. Os citadinos contaminados que nascem a pensar que as galinhas não têem penas, que o peixe é como o filete -sem espinhas! nem imaginam o que perdem. Confesso que talvez já não fosse capaz de viver num sitio desses, mas pela pequenez das pessoas, porque o ambiente envolvente fascina me! Faz-me falta...Completa a minha existência como animal racional (por vezes irracional), sim, porque nós fazemos parte do mundo e não o contrário. Pergunto me, se estes seres que se dizem racionais compreendem isto, e se compreendem por que razão insistem em destruir o que nos criou, a natureza?!?

Viagens...

"Vou nada mais nada menos que a Santarém; e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica (...)Ora nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso social: espero que o leitor entendesse agora. Tomarei cuidado do lho lembrar de vez em quando, porque receio muito que se esqueça."

Almeida Garrett in Viagens na minha Terra

Ora nosso amigo Almeida Garrett que tantas criticas fez, tão actuais por incrivel que pareça, partilha das mesmas intenções que eu, pena que na altura dele não havia blogs para lhe fazer as delicias da crónica, acho que ele haveria de ter gostado. Não vou fazer uma Viagem na minha Terra, mas sim no NOSSO MUNDO. Sim porque como diz numa musica "o mundo é meu e teu encontremos a solução, luta sempre o destino está nas nossas mãos" e nas nossas mãos vai continuar apesar dessas mãos serem de manteiga. Pois vou então passear neste nosso mundo, e vou falar e criticar tudo o que vir, ouvir, sentir que merece ser tratado. Ou então vou simplesmente honrar as mentes brilhantes deste mundo, que tantas são e tão incomprendidas, pois " o Homem está sempre disposto a negar o que não compreende" uma intelegente frase de um tal de Luigi Pirandello.
Já me estou a alongar, para terminar, hoje deu-se um importante e raro acontecimento: um eclipse solar. Muita gente não viu, nem se lembrou, mas eu realço este facto, isto porque a natureza ainda é das poucas coisas que vale a pena perder tempo a contemplar, é uma bensão da vida....a própria Vida. Agora esperem mais 23 anos pelo próximo.

domingo, outubro 02, 2005

Fumos....

Start

Por entre fumos e chás reflecte sobre o mundo...Um pensativo cigarro , o suave cheiro do insenso, o aroma espalhado por o quarto, o quente chá percorre o corpo, aquece o corpo e as mãos...Prepara a caneta, abre o caderno, começa escrever, descreve o mundo que sentes sinseramente, suavemente e por vezes agressivamente, uma necessidade extrema que atravessa e obriga pessoas assim a fazer crónicas, comentar ou simplesmente descreve o triste e contente mundo em que vivemos. Talvez seja assim o sentimento dos bons autores do mundo, um sentimento que nos dá o poder de deuses quando escrevemos. Estranho. Quase que é tão bom ler quanto escrever. Loucuras...


Sou eu !

Pelos campos em fora. pelos escombros,
Pelos montea que embalam a manhã,
Largo os meus rubros sonhos de pagã,
Enquanto as aves poisam no meus ombros....

Em vão me sepultaram entre escombros
De catedrais de uma escultura vã!
Olha-me o loiro so tonto de assombros
E as nuvens, a chorar, chamam-me irmã!

Ecos longínquos de ondas...de universos...
Ecos de um mundo...de um distante Além,
De onde eu trouxe a magia dos meus versos!

Sou eu! Sou eu! A que as mãos ansiosas
Prendeu da vida, assim como ninguém,
Os maus espinhos sem tocar nas rosas!

Florbela Espanca

Ela que é sem duvida uma das melhores e mais brilhante autoras.