quarta-feira, dezembro 10, 2008

Fado

Deolinda - Canção do Lado

Desculpem todos os homens estudantes,
espíritos poetas, almas delicadas.
A falsidade do meu génio e das minhas palavras.
E é daí a lição que eu canto,
cada vida um espanto que é do bela graça,
mas eu só ambiciono arte de plantar batatas.

-Desculpem lá qualquer coisinha
mas não está cá quem canta o fado.
Se era pra ouvir a Deolinda,
entraram no sítio errado.
Nós estamos numa casa ali ao lado.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.

Bem sei que há trolhas escritores,
de trato estucadores e serventes poetas;
e poetas que são verdadeiros pedreiros das letras.
E canta em arte genuína o pescador humilde,
a varina modesta;
e tanta vedeta devia dedicar-se à pesca.

[Refrão]

Por não fazer o que mais gosto
eu canto com desgosto, farto de aqui estar;
e algures sei que alguém mal disposto
ocupa o meu lugar.
Ninguém está bem com o que tem...
é sempre o que vem que nos vai valer;
porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.

[Refrão]

E é a mudar que vos proponho!
Não é um posso medonho em negras utopias;
é tão simples como mudarem de posto na telefonia.
Proponho que troquem convosco e acertem com a vida!


Epah, eu até nem gosto de fado, não faz bem o meu estilo gritar a saudade e chamar por D. Sebastião, mas até umas coisas giras, se for daquele animado e corridinho, que canta a desgraça na tasca com o copo de vinho á frente. A meu ver, é melhor piscar o olho á desgraça dar uma risada, e passar-lhe uma rasteira e até á próxima queda. Porque sou portuguesa, e penso que vou cair outra vez. Mas sei que também me posso levantar. Mas filosofias á parte, estes tipos fizeram uma coisa muito boa. As letras, bom, podia posta-las todas no blog, valem a pena, sem serem fúteis e vazias, e muito menos melancólicas, não perdem o sentido de critica, mas sempre com um ar de gozo, que me faz pensar que quem escreveu as letras se riu tanto como eu a lê-las. E a musica, um verdadeiro upgrade ao fado, com influencias de musica popular portuguesa, a dita de baile ou mesmo ao género das tunas universitárias, juntamente com uma mistura de quase tudo, desde o jazz, blues e muito mais. Quase nem se dá pelo fado não fosse a bela voz entoando em tom de fado, desculpem lá a redundância. Sendo musica bem portuguesa, nota-se bem influencia das musicas do mundo (até mesmo para uma analfabruta musical como eu), sem nos fazer chorar, faz-nos pensar. Agrada ao erudito, ao mais comum dos homens, a jovens e antigos. E tem a grande vantagem de ser cantada em português. Não investiguei muito sobre eles pelas letras deduzo que algum é de Lisboa pelas várias referências, até porque têm letras com referências que qualquer pessoa de sorri e reconhece, têm uma musica que se chama mesmo, "Lisboa não é a cidade perfeita", e em outra têm esta saida genial: "
Mas a música erudita\não faz grande efeito em mim:\do CCB, gosto da vista;\da Gulbenkian, o jardim.".


Quanto ao bolt da letra desta musica: tinha muito para sublinhar nela, podia até analisa-la no todo, mas esta parte dedico aos meus colegas irmãos que se vão rir tanto com ela como eu:
"E é daí a lição que eu canto,\cada vida um espanto que é do bela graça,\mas eu só ambiciono arte de plantar batatas." Essa toca-nos a todos, aliás toda a letra é bem próxima. Até porque a letra aplicavél ao restante mundo: "Andamos todos uma casa ao nosso lado.\E é a mudar que vos proponho!" . E querem que vos doa ainda mais?! - "Por não fazer o que mais gosto\eu canto com desgosto, farto de aqui estar;\e algures sei que alguém mal disposto\ocupa o meu lugar." - Soa-vos a familiar? Como eu disse isto aplica-se ao mundo, mas eu sei de uns quantos nós...Muitos universitários conhecem isto....quantos de vós se meteram no curso com paixão?! Sim, está bem, o pai diz que isso não dá emprego, mas mesmo que só dê trabalho - "só ambiciono arte de plantar batatas." - respondes tu...Reconhecem a conversa?

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