Amanhã. Amanhã vou mudar o mundo.
Amanhã vai haver tempo para fazer coisas. Para mudar. Para estudar, e ver o nascer do sol, e ver-se a pôr também. Ver o mar, e o rio, e os lagos se os houver. Amanhã vai-se corrigir aquele erro. Amanhã vai-se pedir desculpa. Mudar o penteado, e telefonar aquela pessoa que não se vê há séculos. Amanhã vou ser eu, vais ser tu, vamos ser reais, simplesmente, livres das algemas sociais. Amanhã vai-se ajudar alguém, e concertar aquela coisa que está estragada há que tempos. Amanhã vai haver paciência. E visitar as alminhas ao cemitério. Ler aquele ler livro que Aquela pessoa te deu e eu nunca houve tempo para ler, é poesia. Vai haver vontade para ir a um ginásio, e escrever e desenhar. Ir ao cinema, e fazer tudo aquilo que foi adiado. Amanhã finalmente vai haver coragem. Amanhã pode-se dizer “Amo-te”…
Amanhã. E amanhã. Amanhã parece fácil. Porque amanhã, dizem eles, há-de ser melhor. Mas hoje, é amanhã. E hoje, é duro. Hoje dói. Hoje não, nem há força para caminhar, quanto mais mudar. Hoje, hoje vai-se pensar no amanhã. E amanhã, amanhã já passou, e hoje, hoje está tudo igual. Como sempre…
Mas nem só de pão vive o Homem, dizem eles, vive da fé, talvez na fé do amanhã ser melhor. Mas hoje, está igual, e está mal. E depois? Cais…no chão, e levantas-te. Como sempre…Vais desejar o amanhã, quando a ferida no joelho estiver melhor, e vais caminhar, para outro amanhã. Como sempre…E olhar para trás, ver o Ontem. Até parece bom, já passou. Como sempre…E amanhã? Será…Como sempre…amanhã.
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1 comentário:
muito bom, Diana, muito bom, porra! Olha, embora noutro registo, lembrou-me da música dos Deolinda, movimento perpetuo associativo!
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